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Chegando na ÍNDIA!!!!!

INDIA | Monday, 20 October 2008 | Views [952]

Pouso em Mumbai, Índia.

O comandante do vôo dá as informações de temperatura e horário local – são 4:15 da manhã. Eu acho que ele se enganou, pois meu relógio com o horário da Turquia marca 1:45 da manhã, e com a mudança de fuso agora devem ser 3:45 ou 4:45.

Estou super animada por estar em Mumbai, especialmente porque duas das minhas amigas mais queridas e loucas tiraram férias pra me encontrar aqui. Uma vem de Miami e a outra do Rio, e passaremos duas semanas circulando pela Índia juntas. Aliás, elas já devem ter chegado há algumas horas! Que saudades!

Chego à fila de imigração – que está enorme!!! Não há uma fila separada pra indianos e eles são a maioria. Espero por quase uma hora para passar e, enquanto isso, observo as pessoas. Quanta gente tão diferente!!! Rapaz, como esse mundo é grande!!!!! Acho lindas as mulheres usando seus sarees coloridíssimos, é um estilo e tanto. Homens com turbantes. Homens e mulheres vestidos em estilo ocidental, há de tudo.

Na fila me dou conta que o horário informado pelo comandante do avião fazia sentido. Bom, então meu relógio deve ter parado. Mas checo o celular e vejo que marca a mesma hora que o meu relógio. Que coisa louca! Aqui existe meio-fuso, algo que eu nem sabia que existia. Achava que a cada meridiano aumentava ou diminuía uma hora cheia, nunca havia ouvido falar de meia-hora. Mas aqui é assim.

Passo a imigração e vou atrás da minha mochila. Ando, ando, ando... e meu vôo não está listado em nenhuma das esteiras. Vou a um balcão que parece ser o de informações e pergunto sobre o paradeiro das bagagens do meu vôo e o sujeito responde.

Hãããã?????

Isso foi uma resposta em inglês?

Pergunto de novo.

Hãããã?????????

Devo ter viajado muitas horas, não estou reconhecendo as palavras. Se isso é inglês, eu sou russa.

Ocorre que isso é, sim, inglês. Pelo menos os indianos dizem que é, eles acreditam nisso. E depois de muito perguntar e fazer cara de vaso, cara de interrogação e cara de marciana eu descubro que andei pro lado errado, minha bagagem está em outro lugar que eu não tenho a mínima idéia de onde seja.

Um passeio pelo aeroporto de Mumbai e encontro minha mochila. À saída, troco um dinheirinho e procuro por taxis pré-pagos. Ainda na Jordânia me dei conta de que não sabia qual era o hotel em que ficaria (as meninas planejaram tudo e eu não me preocupei em guardar os detalhes), mas mando uma mensagem pelo celular e quando ligo o telefone, em Mumbai, a resposta está lá. Garotas espertas!!! Me mandam até o valor que meu táxi deve custar – cerca de 300 rúpias.

Pergunto em uma das empresas de táxi, me passam o preço de 800 rúpias. Caramba, a essa hora da manhã eu não consigo nem fazer conta, não faço idéia de quanto valem 800 rúpias. De qualquer forma, o valor está muito longe dos 300 informados pelas meninas. Sigo em frente até a próxima cabine, até meu hotel serão 350 rúpias. Hummm, pouca diferença para os 300 – sem contar que são 5 da manhã deve ter algum adicional noturno no preço, certo?

Saio do aeroporto e vou na direção indicada pelo senhor da empresa. Encontro o carro que tem a placa que me informaram. Um homem e um garoto vêm em minha direção e o garoto – que deve ser o ajudante - pega minha mochila e a coloca no porta-malas do... táxi???

ISSO É UM TÁXI???? Mais parece um... um carrinho de brinquedo, é tão pequenininho!! Eu entro no banco traseiro e minha cabeça encosta no teto (vamos lá, gente, eu tenho 1,67m, não sou nenhuma gigante). Tenho um ataque de risos sozinha ao entrar no carro.

Entra o motorista – e é agora mesmo que eu não consigo parar de gargalhar!!!! Meu motorista parece ter 12 anos!!!!!!! Moleque, você tem carta????? Como é que sua mãe deixa você estar na rua a essa hora??? E eu que pensava que ele era o ajudante...

O trajeto até o hotel levou algo entre 50 minutos e uma hora e tudo era novidade!!!! Primeiro, o fato de eu estar andando em um carro de brinquedo dirigido por uma criança (certo, ele não devia ser uma criança, mas parecia). Além disso, na Índia eles usam a mão inglesa, ou seja, o motorista dirige no lado direito do carro e as mãos das ruas são inversas ao que estou acostumada. Já havia tido a experiência na Inglaterra, mas de dentro de um carro de brinquedo dirigido por uma criança a sensação é muito mais... divertida! Sem contar que, como o carro é muito pequeno, quando olho para o banco da frente (o esquerdo, onde estamos acostumados a dirigir) e não vejo ninguém dá uma hilariante sensação de que o carro está andando sozinho.

Eu tento puxar papo com o moleque que está dirigindo, mas acho que ele não está entendendo nada do que eu digo. Apenas sorri pelo canto da boca e balança a cabeça na diagonal (que porra isso significa????). Quando ele finalmente responde alguma das minhas perguntas... sou eu quem não entende nada. Como o sujeito das bagagens, ele parecia estar com quatro chumaços de algodão na boca enquanto falava: um em cada bochecha, um embaixo e um sobre a língua. De qualquer forma, não acho que ele entendeu minha pergunta e, frustrada, desisto temporariamente da comunicação.

Mas nem em silêncio o trajeto deixa de ser super interessante. Apesar do horário e de ainda estar escuro, vejo muitas pessoas a caminho do trabalho. Muita, mas muita gente mesmo, de todas as idades, dormindo na rua. Um camelo!!! Alguns carros-de-camelo, ou seja, charretes puxadas por um camelo. Uma feira. Um homem já mais velho caminhando tranquilamente pelo meio da rua completamente pelado (está calor, mas... que estranho! Deve ser maluco). A praia (tem um “quê” de Copacabana, só que beeem mais decadente).

Além de todas essas distrações, o meu táxi não está no que se pode chamar “um excelente estado de conservação” e a porta do meu motorista-mirim se abre por três vezes em curvas. Como se aquilo fosse a coisa mais natural do universo, ele mantém uma mão no volante e com a outra puxa e bate a porta.

Entre uma segurada de porta e outra ele escarra e cospe pela janela - um dos hábitos indianos mais nojentos e que se vê a cada 47 segundos em qualquer lugar do país. Aliás, o lance da escarrada é tão cultural e problemático por aqui que nos dias seguintes vejo cartazes do governo com os dizeres “acabe com a tuberculose, pare de cuspir”. Mas acho que ninguém dá bola... aliás, posso apostar que os caras que criaram essa propaganda também escarram em qualquer lugar, assim como seus pais, mães, irmãs e esposas. O ato de escarrar não está restrito aos homens...

E com esse banho de novidades eu chego ao hotel pouco depois das 6 da manhã e encontro as minhas duas amigas queridas dormindo depois de viajarem por mais de 20 horas. Apesar do cansaço que sei que devem estar sentindo, não resisto e acendo a luz, acordo-as gritando de saudades! Elas fingem que não se importam mas no fundo querem me matar, eu sei.

Fico falando sozinha um tempo (elas já dormiram de novo) e, depois do banho, me dou conta de que nosso quarto triplo só tem duas camas de solteiro... Karina explica que quando chegaram eles disseram que estavam trazendo a cama extra, mas o fato é que ela nunca chegou... e apesar de Karina ter oferecido metade da sua cama pra mim, prefiro a dureza do chão... afinal, já passei tanto perrengue nos últimos 5 meses que um dia a mais, um dia a menos não vai fazer a mínima diferença.

Pego meu saco de dormir, coloco no chão e desmaio de cansaço, também.

ESTOU NA ÍNDIA!!!!!!!!

Tags: índia mumbai

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