Viena
AUSTRIA | Friday, 4 April 2008 | Views [1064] | Comments [1]
24/03: Peguei um trem para
Maribor e la troquei de trem para ir a Viena. O segundo trem ja era
austriaco e era bem mais moderno. Por exemplo, os anuncios eram feitos
em alemao e em ingles, indicando que eu estava chegando em um lugar com
melhor infraestrutura para o turismo. O Hostel Wombat's mais parece um
hotel do que um albergue. Super grande, com recepcao de hotel, nao tive
uma boa primeira impressao. E um lugar muito impessoal em comparacao
com os albergues menores que eu fiquei na Hungria e na Eslovenia. A
tarde, sai para caminhar pela cidade e, ao passar em frente a Opera
House, vi que eles estavam vendendo os ingressos para ficar de pe. Eu
resolvi me aventurar em Tristan und Isolde de Wagner, uma opera de mais
de 4 horas de duracao, em pe! Tenho que levar em consideracao que
paguei tres euros. Acho que a FIFA nao aprovaria as instalacoes dos
lugares em que eu fiquei. Um monte de gente amontoada, colocando pecas
de roupas para marcar lugar... Alem disso, tinha um grupo de argentinos
(e, sempre eles) que ficaram fazendo barulho. No fim do primeiro ato,
mais da metade das pessoas desistiu. A partir de entao, o lugar ficou
mais agradavel e o terceiro e ultimo ato foi o melhor. As performances
sao realmente excepcionais. Apos a opera, caminhei ate a Stephansplatz,
praca central, onde esta a Catedral e depois voltei para o albergue.
25/03:
Tomei um cafe (pago a parte) no hostel e fui ate a Judenplatz. La ha um
memorial para os 70 mil judeus assassinados entre 1938 e 1945 e ha
tambem um pequeno museu contando sobre a antiga comunidade judaica (e
como ela foi praticamente destruida no sec XV). De la, fui para a
sinagoga (e tambem principal predio da comunidade judaica) e ouvi um
guia contar sobre como uma comunidade de 200 mil pessoas antes da
guerra se transformou em uma de 8 mil atualmente. Em frente a todos os
predios relacionados a comunidade, ha policiais. Entretanto, o guia
disse que nao tem havido muitos problemas.
Peguei um metro
para a United Nations City em Viena, uma das principais sedes da ONU.
Ela fica proxima ao Danubio (la chamado de Donau) e e um local super
agradavel com o um enorme parque e a Donau Tower, uma torre de 250
metros de altura. Peguei o tour e foi muito interessante. O grupo era
pequeno e o guia gente fina. Ele explicou que a razao pela qual o
predio da ONU foi construido ali esta no fato de a Austria ter sido um
pais neutro na Guerra Fria e ficar bem entre as zonas de influencia dos
EUA e da URSS. A arquitetura do predio e pensada para aproveitar o
maximo de luz do sol, de modo que todas as salas tem janelas.
Voltei
a regiao judaica para ir ao Jewish Museum. Um museum bem legal com
pecas que sobreviveram a Noite dos Cristais e pecas mais antigas
tambem. Havia uma exibicao com fotos dos judeus apos a II Guerra
Mundial e outra sobre a vida de Korngold, um musico judeu que viveu em
Viena antes da guerra.
No fim da tarde, fui ao
Hundertwasserhaus, um predio totalmente diferente do resto de Viena.
Ele tem uma arquitetura bem legal e me lembrou um pouco de Gaudi.
Quando
estava no albergue cozinhando, conheci a Camila, uma inglesa que tambem
estudou em Southampton. Por coincidencia, ainda encontrei uma canadense
que tambem esta fazendo intercambio la comigo. Fiquei na internet
esperando o Jouni, meu amigo finlandes, chegar (o voo atrasou).
26/03:
Acordamos cedo e trocamos de albergue (nao havia vagas para todas as
noites no Wombats) para o Ruthensteiner's, que e la do lado. Fomos a
Westbahnhof ver passagens de trem para o Jouni e foi uma confusao.
Inacreditavel que os caras que vendem passagens internacionais nao
falam ingles direito! No fim, conseguimos comprar a passagem para Praga
passando por Cesky Krumlov. De la, fomos ao Schloss Schonbrunn, antiga
residencia de verao dos Habsburgo. Por fora, os jardins sao grandiosos
e a vista da Gloriette e maravilhosa, mas o requinte e o luxo do
interior e o que mais impressiona. Madeira de um lugar, porcelana de
outro... Tudo ultra fino. Seguindo na trilha dos Habsburgo, fomos ao
complexo Hofburg, a residencia de inverno deles, que fica no meio da
cidade. Visitamos o museu Sisi (da imperatriz Elizabeth do sec XIX), a
colecao de louca e prata da familia e os apartamentos. Interminaveis
quartos e ante-quartos e halls e salas e etc. Paramos para no Cafe
Einstein para uma respirada e depois fomos ao Mozarthaus, unica casa de
Mozart que ainda esta de pe, hoje um museu sobre sua vida. No fim do
dia nao aguentavamos mais carregar o audioguide. Ainda fomos ao House
of Music, uma especie de museu estranho sobre os sons. Valeu pelo andar
dedicado aos compositores que viveram em Viena (Haydn, Mozart,
Beethoven, Mahler e Strauss). Foi um dia bem cansativo e eu senti que o
ritmo e os interesses do Jouni sao bem diferentes dos meus, mas ele se
esforcou para acompanhar. A noite, estavamos tomando umas cervejas no hostel e tivemos uma
conversa bem interessante com um suico. Ele destoava do resto das
pessoas pela aparencia de uns 40, 50 anos, nao muito comum nos
albergues. Eu estava com meu livro (sobre a situacao na Africa) e ele
pediu para ve-lo. Comecamos a bater papo e ele contou que trabalhava
com saude publica. A especialidade dele e controle de doencas
tropicais. Para comecar, ele disse que ficou decepcionado com o John le
Carre porque era um grande fa de seus livros, mas O Jardineiro Fiel nao
e muito fiel a realidade. Segundo, ele nao seria possivel fazer testes
de remedios da maneira que o filme mostra. Eu perguntei para ele se ele
achava justa a quebra de patentes por parte dos paises pobres e ele foi
categorico: sim. A justificativa e que os lucros das farmaceuticas sao
muito altos (retornos entre 15% e 20% ao ano, maior que a maior parte
das industrias). Alem disso, ele rebateu um argumento geralmente usado
pra defender as farmaceuticas que sao os gastos com Pesquisa e
Desenvolvimento. Parece que os gastos com Marketing sao o dobro dos
gastos com P&D. Por fim, antes de subir pra cuidar dos filhos, ele
contou que o maior problema hoje na Africa e a manutencao de um sistema
de saude publico. Para isso falta dinheiro porque as agencias
internacionais preferem doar para "causas nobres" como AIDS, mas doar
para manter um sistema de saude decente nao chama a mesma atencao.
27/03: De
manha, fomos ao Schloss Belvedere, antigo castelo de um principe. Hoje,
e um museu de arte com obras de Renoir, Manet, Monet, Van Gogh e uma
sala inteira de Gustav Klimt (austriaco e favorito por la). O Museu e
bem legal. Para quem nao entende de arte, vale passar pelas obras e ver
quais agradam. Fomos a Karlsplatz e comemos uns sanduiches (estilo
picnic) em frente a St. Charles Church. Com o tempo bom, paramos em
frente ao Museu Albertina para um cafe. De la caminhamos para a
principal rua (nao lembro que parte era, mas tem sempre "Ring", ou no
comeco, ou no fim) e eu fui ao Museum of Fine Arts, enquanto o Jouni
foi passear pela cidade. A parte mais legal foi a dos pintores
holandeses. Tem uma parte com arte dos egipcios, gregos e romanos que
eu nao gostei muito. No fim da tarde, fui com o Jouni ver o predio da
ONU e passear pelos jardins proximos a Donau Tower. Voltamos para o
albergue e nao saimos porque no dia seguinte iamos acordar as 4:30 para
ir a Cesky Krumlov (Republica Tcheca).