Budapeste
HUNGARY | Friday, 21 March 2008 | Views [1335]
15/03: Depois de voar com a easyJet (algo como pegar o Socorro 856-R
dos ares), cheguei em Budapeste em um belo dia de sol por volta das
quatro da tarde. Claro que tinha que comecar com uma loucura. Eu tinha
visto na internet que haveria um jogo de polo as 18:00. Fui correndo
pra piscina do Honved-Domino. Peguei dois onibus com o mochilao e a
mochila pequena e andei mais uns bons quarteiroes ate que consegui
achar a piscina. As pessoas em geral foram muito prestativas. Mesmo nao
falando ingles, eles procuravam ajudar. Por exemplo, o motorista parou
o onibus pra me apontar o caminho. Chegando la, os times estavam no
aquecimento. Vasas x Domino parece ser o maior classico de Budapeste.
Depois de abrir 5 a 1, o Vasas deixou o Domino empatar. No ultimo
minuto, em um homem a mais, o Vasas marcou. Vale lembrar que a piscina
estava lotada (eu fiquei em cima de uma mesa pra ver o jogo) e as
pessoas torcem de verdade. Cada time tinha metade da selecao hungara
(bicampea olimpica). Na volta, dois caras que eu conheci la me ajudaram
a achar o metro. Cheguei no Central Backpack Hostel, um albergue
pequeno, onde o pessoal e super atencioso, e liguei para a Lamy (a
menina da FEA que faz intercambio em Budapeste). Chamei uma americana
(Lisa) que estava por aqui e a Lamy levou uma amiga mexicana (Gabriela)
e fomos jantar no For Sale Pub. Comi um frango com pure de batatas e
tomei uma cerveja hungara, Soproni. Parte da decoracao do pub eram as
cascas de amendoim que a gente era obrigado a jogar no chao.
Voltei
com a Lisa andando as margens do rio Danubio. O dia 15/03 tem um
detalhe a mais. E um feriado nacional e as pessoas aqui aproveitam
esses feriados para protestar contra o governo. Chegamos a ver alguns
grupos nas ruas. Andando por Budapeste me senti parte de um filme de
Guerra Fria. Todos os predios sao quadrados e imponentes e remetem a
ideia que eu tinha comunismo.
16/03:
Apesar de uns bebados chegando aqui no hostel a noite, consegui
descansar. Pela manha fui a Basilica de S. Estevao (aqui do lado) e
depois peguei um tour pelo Jewish Quarter. Vimos a Dohany Synagogue e a
Rumbach tambem. A primeira e a maior sinagoga da Europa. Com estilo
mouro, ela recebe tres mil pessoas. Ela foi projetada por um arquiteto
catolico e encomendada por judeus que queriam se assimilar mais a
sociedade hungara (havia tambem os ortodoxos e os reformistas). Como
essas sinagoga nao agradou aos religiosos, eles construiram uma
sinagoga na Rumbach ut.. Essa sinagoga esta esperando fundos para uma
restauracao completa. Ambas foram construidas em meados do seculo XIX e
sao muito bonitas. Durante a II Guerra, Budapeste nao foi muito
atingida. Apesar de terem sido colocados em guetos, os judeus nao foram
deportados em geral (ao contrario dos judeus do interior). Entretanto,
as condicoes eram pessimas e eles tiveram os direito cassados. Antes da
guerra havia cerca de 700 mil judeus. Hoje a estimativa e de 100 mil.
No proprio complexo da sinagoga grande, ha um cemiterio para abrigar os
judeus que morreram devido as pessimas condicoes do gueto. Ha tambem
monumentos para diplomatas (especialmente um sueco, Raoul Wallenberg)
que ajudaram a salvar judeus. Fui tambem a tambem a um Jewish Museum,
onde ha diversas pecas relacionadas a religiao.
Saindo
de la, fui ao Holocaust Memorial, um museu bem moderno sobre o
holocausto e a Hungria. Sao inumeras historias com videos e fotos.
Entre elas, ha a historia da Hanna Szenes, uma hungara que havia ido a
Israel, mas se alistou ao exercito britanico para lutar na guerra. Ela
foi capturada, torturada e assassinada, mas nao cedeu informacoes aos
nazistas. Ela esta enterrada em Israel.
Voltando passei em frente ao
Museum of Applied Arts, um predio super bonito, onde entrei para dar
uma olhada. A tarde, encontrei a Lamy e caminhamos pela Vaci ut., uma
rua turistica e paramos no Anna Cafe para descansar um pouco. Depois,
fui a casa dela e conheci o Karsci (dono da casa), uma eslovaca e uma
hungara. Tomamos um vinho e conversamos. O Karsci reclamou bastante do
primeiro-ministro e mostrou uns videos engracados dele no You Tube. A
noite, fomos ao Claro Bistro com a Gabriela e a Livi, uma hungara que
fez intercambio na FGV. Comi um hamburger e uma palacsinta (uma especie
de panqueca). Depois disso, ainda fomos ao Old Man's Pub, um bar com uma pista de danca, e ficamos um pouco por la.
17/03:
Tentei ir ao Parlamento, mas ja nao havia mais ingressos. Alem disso,
na segunda, a maioria dos museus fecha. Entao, fui para Buda
(atravessei a ponte) e caminhei ate a sinagoga da rua Leo Frankel. E
uma sinagoga que foi cercada por um predio, onde moravam familias
judias, para proteger do anti-semitismo. Em frente a sinagoga, pela
primeira vez na vida, vi uma loja especializada em polo. Sungas,
ropoes, bolas etc.
No comeco da tarde encontrei a Lamy e ela me
mostrou a faculdade (Corvinus) e o Mercado Central. Depois disso, fomos
para o Statue's Park, uma especie de cemiterio de estatuas do
comunismo. Tivemos que pegar alguns transportes diferentes porque esse
lugar e afastado. Em um dos onibus, achei que ia ser multado porque eu
tinha usado o bilhete da maneira incorreta. A fiscal nao falava uma
palavra de ingles. No fim, ela pegou dois bilhetes meus e rasgou. Ainda
bem que saiu barato. Na volta, fomos ao Heroes' Square, um dos cartoes
postais de Budapeste e eu fui em uma casa de banhos termais (com saunas
e piscinas quentes, bem popular na Hungria) chamada Szechenyi. A noite
fiz um macarrao e fui com a Marcela, uma brasileira que conheci no
hostel, para a casa da Livi tomar umas caipirinhas (com Ipioca) com ela
e a Lamy. Depois do esquenta, fomos para uma baladinha chamada
Morrisson's.
18/03:
Acordei cedo e fui com a Marcela para o Parlamento. Desta vez consegui
o ingresso e fomos com o guia em ingles. Nao achei a guia muito boa,
mas o predio e muito bonito e compensou. Um pouco mais tarde, a Lisa,
uma amiga austriaca que conheci em Southampton, chegou e fomos ao Buda
Castle District. Enquanto subiamos, chegou a nevar um pouquinho. De la se tem uma bela vista de Peste e deu para
passear pelo Fishermen's Bastion, uma bela construcao (acho que com
fins decorativos), pela Mathias Church e pelo Royal Palace (apesar de
nao termos entrado nos museus que o palacio abriga hoje). Depois, subimos a Gellert Hill, onde fica a Citadella, de onde se tem a melhor vista de Peste. A noite, fui
a opera Edgar de Puccini com a Lisa, a Lamy e a Gabriela. Apesar de nao
ter entendido direito (nao li o programa antes), foi uma experiencia
bem legal. A sala e bem bonita e o publico vai bem chique. Ate eu fui
de camisa. Depois da opera, pude ter uma boa noite de sono.
19/03:
De manha fui sozinho ao House of Terror, um museu que fica na casa
usada pelo partido de direita (aliado dos nazistas) e, depois, pelos
comunistas para interrogar e torturar prisioneiros. Essa casa nao era
usada para executar pessoas, mas, de vez em quando, "acidentes"
aconteciam. E um museu bem moderno, com muitas fotos e videos, e da pra
ver as celas onde os prisioneiros ficavam. A tarde, encontrei a Lamy e
a Lisa e fomos ao National Museum aprender um pouco sobre a historia
hungara. Como todo National Museum, conta bem a historia do pais. A
tarde, fomos passear em um mercadinho.
20/03: Acordamos cedo para passar as ultimas horas
de Budapeste. Fomos ao Buda Castle de novo e demos uma volta no bairro
judaico. Depois disso, a Lisa voltou a Viena e eu peguei o trem pra
Ljubljana.
Depois de alguns dias de Budapeste, fiquei com a
impressao de se tratar de um povo bem simpatico, geralmente disposto a
ajudar, mas, ao mesmo tempo, contido e serio. Foi bom ter tido a
oportunidade de conversar com a Livi e o Karsci para entender melhor o
ponto de vista dos hungaros. A Livi disse sentir falta do "jeito
brasileiro", menos preocupado, mais descontraido. Ela falou que o povo
hungaro e muito fechado a mudancas, principalmente os idosos, que ainda
se orgulham da "grande Hungria" (antes de perder territorios na I
Guerra Mundial). Alem disso, senti que falta ao pais uma melhor
infraestrutura para turismo, principalmente no que se refere a lingua.
Poucos falam ingles e muitas coisas so estao escritas em hungaro. O
Karsci reclamou bastante do primeiro ministro e dos problemas
economicos. Parece que a Hungria e um dos piores paises da regiao no
momento (competindo com a Romenia). Os impostos sao altos e as empresas
estao indo para a Eslovaquia).