Vir de Vancouver para Montreal, no leste do
país, é como sair de um país e entrar em outro!!! Pra começar, a língua oficial
na província de Quebèc é o francês. Eu até me organizei pra ficar em Montreal
por um tempo aprendendo francês, mas desisti quando descobri que o que eles
falam por aqui é um francês meio, digamos, peculiar. Ou arcaico, seja como for.
Pra se ter uma idéia, quando filmes produzidos em Quebèc passam na França,
passam com legendas em francês. Sacou? Até o momento não estou passando muito
perrengue porque todo mundo em Montreal sabe falar inglês e, se percebem que
você não está entendendo lhufas do que dizem, instantaneamente ligam a tecla
SAP e passam a falar inglês. Simples assim.
Montreal, embora bem maior que Vancouver,
também é uma cidade limpa e organizada, com muitas ciclovias. Por aqui tenho a
impressão de ver mais pessoas sem-teto – embora, nem de longe, possamos
comparar com o Brasil. O metrô, que é limpo como o de São Paulo e abrange boa
parte da cidade, é uma grande facilidade – inclusive para o turista. Tudo está
sempre escrito na língua oficial – francês – primeiro, e na maioria das vezes
também em inglês. Por lei todas as placas de comércio devem estar em francês e,
caso haja também o texto em inglês, esse não pode estar mais destacado que o da
língua oficial. Frufruzice? Poderia ser, mas se pensarmos apenas um pouquinho
sobre como isso surgiu concluímos que não... Fazendo muito curta uma história
longa, o povo de Quebèc queria emancipar a província do Canadá, e pra mostrar
como não estavam de brincadeira sempre mantiveram sua língua e sua cultura.
Sejam quais forem as criticas aos quebecois,
e que não são poucas, o fato é que eles tiveram muito sucesso em manter sua
cultura e seu estilo de vida.
É... infelizmente eu tenho que concordar com o
velho bordão: “cada povo tem o pais que merece”. Infelizmente pra uns,
felizmente pra outros, é a mais pura verdade. Tudo o que vejo aqui são pessoas
se respeitando umas às outras, respeitando as leis, as autoridades, e exigindo
seus direitos – de consumidor, de paciente do sistema de saúde, de aluno de
escola pública (aqui não tem escola particular!), enfim, de cidadão que paga
impostos. E no Brasil? Vejo todo mundo querendo levar vantagem sobre o vizinho,
passando os outros pra trás e sendo feitos de bobos por outros, autoridades e
políticos praticando a corrupção na nossa cara – e sendo reeleitos! E nós,
povo, não reclamamos. Quando o assunto morre na mídia, morre também na nossa
lembrança. Não questionamos mais, não exigimos explicações, não exigimos nossos
direitos.
E, com todas essas nossas pra lá de
questionáveis ações e omissões, ainda queremos ser respeitados????