Algeciras, España, 9 de setembro de 2008,
7:30am
Pela
primeira vez nos últimos 3 meses estou sentindo uma grande ansiedade. Viajar de forma independente pelo
Canadá, Estados Unidos e Europa é muito fácil e previsível. Mesmo quando as
coisas dão errado a situação fica longe de preocupante. Já no Marrocos eu não
sei o que esperar...
Estou
usando uma das duas únicas calças compridas que tenho na mala e a única
camiseta que trouxe que me cobre os ombros. Não é fechada até o pescoço e ¾ dos
meus braços estão à mostra, mas pelo menos acho que dessa forma não estou
insultando a cultura local. Quero
respeitar as pessoas do lugar, suas crenças e costumes e fazer o possível pra
não chamar a atenção.
Inicialmente
eu não pretendia ir ao Marrocos, pois entendia que seria um país perigoso pra
uma mulher sozinha. No entanto, conheci uma marroquina no Canadá que me disse
que meu conceito não era correto e me interessei. Pesquisei melhor e vi que
pode ser difícil, mas não é impossível.
Sendo
assim, vim pra Algeciras, a cidade espanhola de onde sai a balsa para o
Marrocos. A minha idéia inicial era chegar em Tanger e passar a noite, no dia
seguinte seguir pra Fez e, na seqüência, Marrakech.
Bom, mas
agora já mudei os planos. Estou pegando a balsa de Tarifa, e não mais de
Algeciras, pois era mais rápido e mais barato. E não pretendo mais ficar em
Tanger, quero chegar lá e ir direto para Fez. Como fazer, ainda não sei...
Considerando
que os meus planos são extraordinariamente flexíveis e eu não tenho reserva
nenhuma de hospedagem em lugar nenhum do Marrocos, acho que vou ter que esperar
o dia acabar pra saber o que terei feito...
Tanger, Marrocos, 9 de setembro de 2008 –
8:00am (10:00am na Espanha)
Foi um
choque.
Depois de 3
meses viajando por lugares super organizados, minha chegada ao Marrocos só pode
ser descrita assim: um choque.
O porto de
Tanger é super desorganizado. Não há balcão de informações turísticas. O que há
são apenas cabines de câmbio de moeda com sujeitos mal-humorados que não te
olham na casa e não falam (ou não querem falar) espanhol nem inglês.
Logo que
desci da balsa fui abordada por quinhentos taxistas. Teve um bem insistente que
acabou me levando pra estação de ônibus por 3 euros. Parece barato mas é um
roubo, a corrida no taxímetro não sairia mais de 1 euro. Eu sabia disso desde o
início mas, veja bem, não estou exatamente em condições de discutir o preço.
Preciso sentir o lugar primeiro, entender como são as pessoas...
Durante o
(curto) caminho para a rodoviária o motorista tenta me convencer que pegar o
trem seria muito melhor e por meros 2 euros adicionais me levaria à estação de
trem. Eu recusei de maneira firme, não queria que ele me roubasse ainda mais.
Estação de
ônibus. Um choque. Maior ainda.
A estação
de ônibus de Tanger é horrorosa, pequena e suja. Até o pseudo-postinho
rodoviário de Barro Duro, no Maranhão, ganha de lavada da rodoviária de Tanger.
Ao entrar, dúzias de homens gritavam nomes de cidades marroquinas para vender
bilhetes, embora houvesse guichês de passagens. E os ônibus são... bem, digamos
que não são exatamente limpos e confortáveis. E recordando minha experiência
com ônibus rodoviários na Bolívia, comecei a considerar o trem.
Ainda
chocada resolvi perguntar ao sujeito do guichê de guarda de bagagem sobre o trem,
e ele disse que de fato seria melhor. Nem duvidei, pois era difícil imaginar
qualquer meio de transporte que pudesse ser pior que aqueles ônibus. Pergunto
se a estação fica longe e quanto daria o taxi, e ele responde que não é longe e
que o preço seria o que desse no taxímetro - o que não me ajudou muito, já que
o motorista poderia dar uma volta gigante pela cidade comigo e eu não poderia
nem brigar depois. Com pena de mim o sujeito concluiu que o preço, no
taxímetro, não daria mais que 7 dirhams – menos de um euro.
Com essa
informação saio novamente pra rua (onde dezenas de taxistas quase se
esbofeteavam por passageiros) e pergunto a um sujeito quanto ele me cobraria
até a estação de trem. Quando a gente não conhece a língua, a cultura e a
cidade a ordem é sempre negociar o preço ANTES de entrar no carro... “Vinte e
cinco dirhams”. Vinte e cinco????? Porra!!!!! Faço cara feia, chamo ele de
mentiroso desonesto (na minha própria língua, mesmo) e saio andando e falando
sozinha. Respiro fundo - isso vai levar um tempo, preciso ser paciente.
Resolvo me
afastar um pouco da entrada da rodoviária pra ver se dou mais sorte e abordo um
outro taxista, que diz que me cobraria 10 dirhams pelo trajeto. Bom, não é como
7 mas está perto. Dá algo como um euro. Pelo menos ele nem dobrou o preço,
melhor que isso não acho que conseguiria.
Ah, a
estação de trem! Eu não sei sobre os trens, mas a estação é bonitinha, causa
boa impressão. Limpinha. Piso de granito e mármore, placas em árabe e francês
ou inglês. Opa, vou de trem!
Compro, por
97 dirhams (cerca de 10 euros), a passagem pra Fes no trem que sai às 11 da
manhã. Leva cerca de 4 horas –
metade do tempo do ônibus, que pára em diversos lugares ao longo do caminho.
Peço ao sujeito que me vendeu a passagem um mapa e ele me dá uma tábua de
horários dos trens marroquinos. Em árabe. Sem muita utilidade pra mim, mas
agradeço de qualquer forma...
Ainda tenho
duas horas de espera e vejo que a uns 300 metros tem um McDonald`s. Eu não gosto
de McDonald`s e evito a todo custo, mas por aqui acho que é minha melhor opção.
Além disso cheguei no mês do Ramadan – uma celebração religiosa em que os
muçulmanos, ou seja, praticamente todos os cidadãos do Marrocos, fazem jejum
durante o dia - e acho melhor me garantir, não sei o que vou encontrar pela
frente.
9:45 -
McDonald’s
Embora na
porta haja um sinal informando que o horário de abertura é às 10:00, o fato é
que no Ramadan abre às 10:30. Como eu não sabia fico na porta esperando,
esperando... quando dá 10 horas eu bato no vidro e então uma mocinha esclarece
que não vale o que está escrito.
Fico
esperando, pois estou morrendo de fome e na estação de trem e ao seu redor não
há absolutamente nada aberto pra um lanchinho. Nada.
É
Ramadan...
11:00 – o
trem
O trem é
uma maravilha! Com o equivalente a apenas 5 euros faço um “upgrade” para a
primeira classe (que, entenda, não é como a primeira classe do resto do mundo
mas é suficientemente confortável) e durmo boa parte das 4 horas e 40 minutos
da viagem. A chegada em Fes é tranqüila e eu acho que já me acostumei com o
assédio dos guias turísticos e taxistas que querem me levar pra tudo que é
lugar por um pequeno punhado de dirhams. Vê? Sou facilmente adaptável!
Cometi o
erro de não reservar hospedagem em Fes e... bem, não foi muito fácil. Saindo da
estação decido ir ao Albergue da Juventude, que é bem cotado pelos viajantes em
geral. Já negociava um táxi quando o motorista diz que o hostel é perto e eu posso
ir andando. Hãããããã???? Penso: “O queeeee???? Você não quer me extorquir mesmo
me vendo com essa cara de turista perdida e morrendo de calor, prestes a pagar
qualquer coisa pra chegar em algum lugar, tomar um banho frio e descansar???”.
Ele deve ler pensamentos, pois em seguida explica que sabe que o Brasil é um
país pobrezinho como o Marrocos e que os brasileiros não podem sair gastando
como os europeus. Que solidariedade!!!!! Gostei!!
Seguindo o
conselho do primeiro (e talvez único) taxista honesto do Marrocos saio à caça
do Albergue. Não é assim tããão perto quanto ele havia dito, mas definitivamente
uma distância caminhável. Com a mochila parece que fica mais longe, claro.
Bagagem atrapalha tudo.
Pelo
caminho eu paro pra abrir meu livrinho com o endereço do hostel e sou abordada
por um marroquino curioso pra saber de onde sou. Respondo atenciosamente, ele
diz que tem umas amigas brasileiras no Facebook (vê? é por isso que eu não
aceito estranhos no Facebook) e me convida pra ficar na casa dele, conhecer a
mãe, faz uma auto-propaganda, começa a descrever seus bens... Hãããããã?????????
“- Não,
obrigada, eu vou pro hostel.”
“- Mas por
que, você é noiva? Faríamos um casal perfeito.”
(Whaaaaaaaaaaaat???????
Sou pára-raio de maluco ou o que??????)
“- Sim, sou
noiva.”
“- Você não
precisa mentir. O que é, não gostou de mim?”
“- Senhor,
veja bem, o senhor é um estranho. Preciso ir, tenho amigos me esperando.”
“- Então é
isso? Não vamos nos encontrar mais?? Nossas vidas se separar aqui?”
(Hããããã?????
Trinta segundos de conversa e ele já conseguiu soltar todas essas pérolas???)
“- Sim,
senhor, é isso mesmo, não vamos nos encontrar mais”, e atravesso a rua.
Sujeito
doido! Mas é cedo demais pra cantar vitória e do outro lado da rua já sou
abordada por um outro homem que quer me ajudar a achar um hotel.
“- Não,
obrigada, eu vou para o albergue da juventude.”
“- Mas você
pode ficar num hotel pelo mesmo preço do albergue, é mais cômodo.”
“- Eu
entendo, mas não quero. Vou para o albergue porque tenho amigos me esperando
lá, que já chegaram” (mentirinha para o bem não faz mal! Queria que pensassem que
eu não estou sozinha.)
Diante da
insistência, despacho o sujeito com uma cara feia – já vi que o lance aqui é
não ser simpática com ninguém. Pra completar, o maluco que eu tinha despachado
antes reaparece pra verificar se eu me arrependi de tê-lo rejeitado – e eu tenho
que botá-lo pra correr.
Pelo
caminho mais homens tentar me
conhecer, me ajudar, casar comigo... Mas teve um que de fato ajudou. Ele olha
pra minha cara, pra minha mochila e pergunta se estou procurando o albergue da
juventude. Me indica o caminho por uns dois quarteirões, andando à minha
frente, e me deixa na porta! E, surpreendentemente, não se oferece pra ser meu guia nem tenta me extorquir!!! Apenas
deseja paz e se mand!!!!! Tô bege!!!! Sim, no Marrocos há muitas pessoas legais
que só quer te ajudar, você apenas tem que dar a sorte de encontrá-las.
Enfim, o
albergue é lindinho, adorei! Mas... eu não tenho reserva e está lotado!!!
Buáááá... Calor. Fome. Saco cheio. Mala pesada. Quero
que o Marrocos congele, que as pessoas congelem de modo que eu possa largar
minha mochila bem aqui no meio da rua e sair andando por aí pra encontrar um
hotel, sem que ninguém tente conversar comigo pelo caminho, me ajudar, me
extorquir, casar comigo... e que quando eu voltar minha mala esteja do jeitinho
que eu tenha deixado.
Mas... ai,
não acredito... o Marrocos não congelou! Pelo contrário, está cada vez mais
calor! E a caminho do hotelzinho que o sujeito do albergue me indicou eu
encontro um dos caras que havia se oferecido pra me ajudar a achar um hotel. Dessa
vez aceito a indicação dele, até porque é a mesma que me deram no albergue.
Depois, obviamente, ele me oferece seus serviços de guia para o dia seguinte, o
que eu prontamente recuso.
Acho que
fiquei nesse “hotel” por pura falta de disposição pra buscar outro lugar...
Tudo bem que o Marrocos é barato, mas pense no que você pode esperar pelo
equivalente a 6 euros... exatamente, não muito. Mas decido que no dia seguinte
pela manhã me “mudo” para o Ibis, que custa dez vezes mais mas pelo menos tem
um padrão que a gente já conhece, é o mesmo em todos os lugares. O que eu
queria mesmo era ficar numa hospedaria típica, na Medina, talvez até em um Riad na Medina, mas fui desaconselhada
por todos com quem conversei apenas porque estou sozinha e não seria seguro
estar fora por lá depois de um certo horário - bem cedo, por sinal. Me
arrependo um pouco de ter vindo para o Marrocos no “susto”, de ter decidido um
dia antes de fazê-lo. Se tivesse me preparado mais certamente poderia
aproveitar melhor a viagem.
Bom, vale
dizer que esse hotelzinho é feio mas o tiozinho que cuida é muito gente boa. À
noite ele bate na minha porta pra me oferecer um prato de comida do Ramadan,
pra eu provar a comida típica. Traz o prato prontinho, arrumadinho, me explica
o que é cada uma das coisas e eu fico sem graça de dizer que acabava de voltar
do McDonald’s (sim, a segunda vez no dia, é uma tristeza...) e aceito.
O prato
contém uns frutinhos de uma árvore tipo uma palmeira, que em formato se parecem
com gomos de pinhões e eles os cozinham de uma forma que ficam extremamente
doces, quase caramelados; também muito doces são outras duas coisas que eu não
identifico – em forma se parecem com pele de frango frita, mas não tem nada de
frango ou qualquer outro animal, são feitas de uma massa doce, e; uma massinha
tipo panqueca, mas que não é uma panqueca - acho que é um pão e ele me explica que
também é feito em casa. Ah! E um ovo – que me chega morno mas eu não sei se é
cozido ou apenas aquecido. Enfim, eu não pretendo comer porque não estou com
fome nenhuma, mas por outro lado não quero insultar o senhor que foi tão
atencioso em me trazê-lo. Mais tarde coloco a comida num saco plástico, escondo
na mochila pra jogar em um lixo longe dali e devolvo o prato vazio no dia
seguinte... Mas tomo o leite!
A
propósito, a caminho do McDonald’s mais uns homenstentam conversar comigo – mas
agora eu só respondo “no francê, no
inglê, no espanhol” e nem olho. O lance com os marroquinos é que eles são
muuuito insistentes, um sujeito até me seguiu com o carro!!!! Eu já estava com
a mão na minha “arma” (um apito) quando chego ao McDonald`s e ele desiste. Eu
já havia sido avisada de que eles são assim, insistentes, mas que são
respeitosos, mantém a distância e não te encostam. E, de fato, hoje pude
comprovar que era tudo verdade.
Ai, que eu
tenha paciência! Enshallah!
Fez, Marrocos, 10 de setembro de 2008
Uau! Às
4:30 da madrugada as ruas se enchem de um som vindo da mesquita próxima, um
canto, um chamado. É Ramadan e os homens vão cedo rezar. Os muçulmanos têm que
comer antes do sol nascer e jejuam enquanto durar a luz do dia – não bebem nem
água. Gosto muito de estar aqui pra escutar isso, pra vivenciar o clima do
Ramadan. É realmente muito interessante e a gente acaba desfazendo muitos
preconceitos. Os muçulmanos aqui no Marrocos são super “da paz”, praticam sua
religião com dedicação e respeitam pessoas de outras religiões.
Enfim...
Acordo cedinho e me mudo pro Íbis. Aqui, como em todos os outros lugares em que
perguntei no Marrocos, eles não têm internet wi-fi. Aliás, não têm internet nenhuma. Bom, pelo menos o
recepcionista daqui sabe o que é
conexão wi-fi – coisa que os sujeitos
que trabalham nas lan houses não
sabem. Isso significa, portanto, que se eu quiser me comunicar com alguém terei
que encarar aquele teclado horroroso onde todas as letras e sinais estão fora do
lugar de costume.
O meu dia é
bem mais tranqüilo hoje. Prendi o cabelo e o cobri com uma faixa, coloquei um
óculos de sol e passei a fingir que sou surda. Ando impassível enquanto os sujeitos
andam atrás de mim tentando palavras de cumprimento em francês, inglês,
espanhol, alemão, italiano, árabe... Não me dou nem mais ao trabalho de dizer
que não falo as línguas, simplesmente banco o “vaso” e finjo que não tem nada
acontecendo. A maioria desiste. Aos mais insistentes, que me seguem por mais
tempo, eu digo “dejáme sola, dejáme sola,
leave me alone”. Diante dessa reação eles retrucam que é perigoso uma
garota sozinha, blábláblá, que eu preciso de um guia, que a Medina é um
labirinto, blábláblá... E eu continuo sem olhar pro lado ou pra trás. Paro pra
olhar alguma vitrine como se eles não estivessem por perto. A certa altura
esses também acabavam desistindo, irritados. Eu realmente não me sinto bem
sendo “marcriada”, mas aqui foi a
solução mais eficaz que encontrei, pois pedir com educação não funciona.
Caminho
muuuuito durante o dia e passo um calorão. Vou à Medina, que de fato é um
grande labirinto. A cada dois passos tem um homem no meu pé – ai, que saco!
Continuo com a tática do “sou surda e não estou te vendo”, mas não dá pra negar
que todo esse assédio é irritante.
A Medina,
que é a cidade antiga, murada, é fascinante. Lá dentro tem de tudo – gente que
mora, artesãos em plena atividade,
lojinhas, mulas, mercado de carne, frutas, crianças correndo, pedintes...
Chego em
frente a um palácio lindo, logo na entrada, e faço diversas fotos. Logo aparece
um homem fardado que, em árabe, me dá uma bronca (certo, eu não entendo nada
mas pelo tom dá pra perceber que não é coisa boa). Ele me faz apagar todas as
fotos que fiz daquela parte e eu não entendo por que. Nem adianta tentar.
Passeando por
uma parte onde há casas – onde pessoas moram, parece uma favela – vejo essa garotinha
de 5 ou 6 anos que brinca sozinha, me dá um enorme sorriso e diz “bon jour”. Caramba, que vontade de saber
falar bem francês pra poder conversar com essa criaturinha fofa e
simpaticíssima! Mas tudo o que eu
posso responder é “bon jour” e sorrir de volta. Sempre sorrindo, ela pergunta
se estou bem, respondo que sim, pergunto dela e... acaba meu vocabulário. Aulas
de francês definitivamente entram pra agenda.
Quando as
bolhas nos pés começam a me incomodar muito, machucar mesmo, volto para o
hotel. Mais assédio pelo caminho, pedidos de casamento, sujeitos se oferecendo
como guias, eu fazendo de surda-muda-mal-humorada... Tudo isso faz com que eu
tenha a melhor sensação do dia ao tomar um banho frio e ficar sozinha no
quarto, de shorts e blusa de alcinha, com meus pés e suas bolhas pra cima!
Havia
considerado chegar a Marrakech mas decidi não fazê-lo. Está muito longe e eu não
tenho tempo, tenho data pra chegar na Grécia e antes disso ainda quero passar
por uns lugares na Europa oriental. Sendo assim, amanhã encaro o trem, a balsa
de volta pra Espanha e levo as mais diversas e controvertidas impressões desse
país tão fascinante.