Os dias estao passando e nada desse post sair.
Quanto mais o tempo passa, mais coisas acontecem, mais eu tenho para contar, menos tempo eu tenho para sentar e escrever tudo e clar oque as lembranças vao ficando menos presentes. Entao bora tentar tirar o atraso...
Dia 21.12.12 (FIM DO MUNDO)
No nosso segundo dia acordamos um pouco tarde. Ainda estavamos exaustos da viagem e da chegada ao ashram. Tomamos café juntos e eu disse que queria experimentar um pouco de silencio. Por isso acabamos nos separando logo de manhã.
Eu tinha visto no mural alguns cursos interessantes e tambem sabia que precisaria me informar sobre o SEVA. A Amma pede que todos facam ao menos 2 horas de SEVA por dia.
SEVA é trabalho voluntario que contribui para o bom andamento das funcoes do Ashram. Voce pode trabalhar na cozinha, no café, na cantina, nas lojas, no mercado, lavar banheiro, limpar o templo, ajudar nas plantacoes, lavar a elefantinha, servir comida, recolher o lixo, trabalhar no centro de compostagem, separar lixo reciclavel e uma infinidade de outras funcoes.
Me increvi num curso de meditacao e fui para o escritório de SEVA ver minhas opcoes.
Achei que seria interessante me voluntariar para algo na cozinha e assim experimentar um pouco desse interesse que vem despertando em mim. Claro que nem passou pela minha cabeca que na verdade eu precisaria ajudar no que fosse necessário e nao no que eu tivesse vontade.
HELLOOO???
A ficha só caiu quando o cara me perguntou se eu queria lavar banheiro ou separar lixo. PUTZ! Resolvi arriscar o lixo.Ele me deu um papelzinho indicando que eu precisaria ajudar das 14h até as 17h e me explicou onde seria. Sai dali um pouco desapontado mas logo entendi que fazia perfeito sentido eu nao poder optar. Tambem sabia que deveria ter algo para aprender com esse desafio que surgiu no meu caminho.
Serão meus dias de AVENIDA BRASIL!
O centro de reciclagem é coordenado por duas pessoas: a Mahita, para mim eh a Mãe Lucinda e o Massimo ou Nilo. rrsrsrsrs
Como acordamos tarde, ja estava quase na hora do almoco. Meditei um pouco, li um pouco e fui almoçar.Descansei o corpo para me preparar para o lixao. As 14h em ponto eu me apresentei para a mãe Lucinda e lá fiquei durante a tarde. As reflexoes do meu SEVA vao ficar para outro momento, e bota reflexão nisso.
Toda segunda e sexta-feira a Amma vai meditar na praia no fim do dia. Foi incrível meditar ali com o sol se pondo. Depois da meditacao a Amma falou um pouco sobre o fim do mundo ou fim de um ciclo, perguntou como cada um se preparou para isso e um frances resolveu dar o seu depoimento dizendo que para ele o dia 21/12 representou o fim de alguns sentimentos ruins como o orgulho e linkou com a sua experiencia lavando banheiros. Aff
QUE BOM QUE ESCOLHI TRABALHAR NO LIXAO.
Voltamos para dentro do Ashram e ficamos cantando com a Amma por umas 2 horas. Depois disso jantamos, ficamos conversando um pouco com os brasileiros e fui pra cama.
Os dias 22 e 23 foram bastante parecidos, a rotina não muda muito: acordar, café da manhã, meditacao, leitura, papo com os brasileiros, ficar sentado assistindo a Amma distribuir seus abraços ou aproveitamos para resolver algum detalhe dos proximos passos da viagem. Depois almoço, descanso e SEVA. Mas o tempo todo voce eh induzido a refletir pela energia do lugar. Entao mesmo sentado em silencio voce sente que esta se trabalhando de alguma forma.
Nos dias que a Amma dá o abraço todo mundo pode ficar sentado no palco do lado dela por 30 minutos mas tem hora marcada para nao virar bagunca. O meu horario eh bem no meio do meu SEVA então eu largo o lixao, corro pro banho, troco de roupa, vou pro palco, medito por uns 30 minutos ao lado da Amma, volto pro quarto, troco de roupa, corro pro lixao, tomo Chai com bolo e pego no batente até umas 18h. Depois disso corro pro chuveiro pra esfregar a alma, janto estou acabado!!!
DIA 24.12 (Dia de ARRASTAR A VACA)
Na noite anterior, enquanto eu lavava o prato que usei no jantar, um rapaz me parou e perguntou se eu poderia ajudar a mover uma vaca na manha seguinte.
Ja vou quebrar logo o suspense. Nao arrastei vaca nenhuma. O local combinado para nos encontrarmos e ajudar a carregar a Mimosa era na frente do cafe mas quando cheguei lá conheci o Haruman, senhor responsavel por uma plantacao, e ele me explicou que a vaca ja tinha saido do lugar, agora ele queria ajuda na plantacao. Nesse dia especificamente eu tinha trocado meu SEVA para de manha entao nao poderia ajuda-lo, mas como simpatizei muito com o Haruman fui andando e conversando com ele até a tal fazenda.
A fazendinha fica a uns 2km do ashram, como eu já estava ali dei uma voltinha com a esposa do Haruman que me apresentou para o Shankar, um boi escuro, com chifres enormes e cara de bravo que estava jogado numa sombra e apesar da aparencia de mal humorado, adora que cocem suas costas.
É incrível como você não conhece ninguém por acaso e não pode perder a oportunidade de conversar com quem cruza o seu caminho. Todo mundo tem algo para oferecer!
As vezes nao é exatamente para voce, como foi o caso do Haruman. A Vivi tem demonstrado bastante interesse no trabalho que ele vem desenvolvendo, falei dela para ele e dele para ela. Os dois ficaram ansiosos por um encontro, que aconteceria a gosto do destino ja que aqui é um pouco dificil marcar alguma coisa. O universo conspirou a favor, no dia seguinte eu estava conversando com a vivi e o Haruman passou do nosso lado entao fiz as devidas apresentacoes.
O destaque desse dia fica para a apresentação que assistimos de noite sobre Natal, Jesus Cristo e algumas passagens bíblicas. Fiquei surpreso de ver isso num ashram na Índia. Eu sinceramente esperava só algum comentário sobre o natal e nada mais. Depois da apresentação assistimos a Amma falando sobre o natal e depois cantamos um pouco com ela. VIROU FESTA!!! No final surgiu uma fila com dezenas de pessoas carregando formas de bolo enormes na direção da Amma. Ela tirava o primeiro pedaço para dar para alguém e o resto era servido para todo mundo que estava ali. O auditório tinha fácil mais de 1000 pessoas nesse dia e só não comeu bolo quem não quis.
Na manhã seguinte acordei as 6h da manha com um pombo dentro do quarto em cima da pia do banheiro. Levantei e disse:
-Meu querido, voce poderia se retirar e me deixar dormir em paz?
FLAP FLAP FLAP FLAP FLAP (isso é o pombovoandoprafora do quarto)
-Agradecido.
Dentro do quarto não né pombo.
26.12
Foi o primeiro dia do meu curso de meditação. Acordei as 4:30 da manha para participar de uma cerimonia pra Ganesha.
O curso comecou as 7h e foi ate quase 17h, com pausas para café da manha e almoço. Achei que ficaria cansado mas foi incrivel passar o dia meditando. O curso ensina basicamente uma sequencia a ser seguida durante a meditaçao, nao tinha muita teoria, entao a gente fazia a meditacao ate uma parte, depois comecava de novo e acrescentava mais uma parte, comecava de novo e acrescentava mais uma parte e assim foi até o final do dia.
O curso continuou no dia seguinte da mesma forma, sempre meditando e acrescentando algo ate completar a sequencia inteira. Foram dois dias que passei super em alfa.
No dia 28.12 compramos as passagens para nosso proximo destino: Rishikesh. Sairemos daqui no dia 03.01.Vamos para o norte da India onde seremos agraciados com temperaturas mais amenas.
Estamos em pleno inverno aqui e a sensação térmica chega perto dos 40ºC. O sol arde na pele. Estou coberto de picadas de mosquitos. Tomo no minimo 4 litros de agua por dia e transpiro como se estivesse o dia inteiro fazendo sauna. O chuveiro é gelado mas quase nao percebo isso. Eu e a Vivi entramos num acordo com o ventilador do quarto, de noite ele fica ligado na velocidade 2, que pr amim é quase nada, e ela dorme com um cobertorzinho. SOCORRO!
Por enquanto eh nisso. Assim que der eu volto pra contar mais
Ah, antes que eu me esqueca, perguntaram o que a Amma falou no meu ouvido. Ela ficou repetindo:
-Mo, mo, mo, mo, mo, mo, mo...
Vale lembrar que Amma quer dizer mãe. Então na lingua dela ela estava me chamando de filhinho que é como a minha mae me chama em algumas ocasioes, hehehehe!!
Né dona Grece?