Galegos por aí

Porque um dia é preciso parar de sonhar, tirar os planos das gavetas e, de algum modo, começar.

                                               Amir Clink.

Minha especialidade são os detalhes. Talvez por isso eu seja dentista. Cuidei com zelo de todos os detalhes do planejamento desta jornada como sempre fiz para as outras viagens, mas desta vez, com um pouquinho mais de cuidado.

Dois motivos nos fizeram tirar os planos das gavetas.

Aliás, da gaveta. Sim, temos uma gaveta aonde vamos jogando todas as anotações, dicas, planos de viagens, lugares interessantes que nos contaram, que vimos em livros, filmes ou documentários.

O primeiro motivo foi a sequencia de problemas de saúde, que nos mostrou que o tempo está passando e assim como todos estamos envelhecendo. Ficando um pouco mais frágeis, com um pouco menos de energia. Antes que percebamos que já não dá para carregar as mochilas nas costas, melhor começar a carregá-las.

O segundo motivo foi a necessidade de ocupar meu tempo livre com alguma coisa estimulante, que preenchesse a lacuna dos problemas do trabalho com prazer e dedicação, essa mistura que sempre me incentivou a seguir a vida com alto astral.

Então pulei de cabeça nos detalhes.

Começo por calcular a disponibilidade orçamentária. Como boa mineira e capricorniana pé no chão, quero realizar tudo sem dever um só tostão. Cálculos feitos e refeitos, simplicidade e despojamento na mente, constato que é plenamente viável.

Uma atenção um pouco maior com a saúde devido ao tempo da viagem demandou maiores cuidados. Checkup completo, com um enorme susto poucos dias antes da viagem (superado graças ao Bom Deus) e receitas de medicamentos para levar, feitos junto à minha médica e amiga Dra. Andréa. Foi a preocupação dela com tantas doenças endêmicas nos países por onde passaremos, além da experiência com malária dos meus sobrinhos Leo e Paula numa das voltas ao mundo deles, que me fizeram buscar um centro de orientação a viajantes. Depois de muito pesquisar só encontrei três no nosso país, sendo que o da UFMG, em Belo Horizonte, foi realmente um achado.

A Professora Marise não só me atendeu por telefone, como disponibilizou as entrevistas prévias por e-mail e agendou a consulta para a data que estaríamos em BH. Foi de uma generosidade admirável, inclusive colocando à disposição seu e-mail e celular particular. Quando chegamos a BH fomos muito bem atendidos pelos alunos do Ambulatório dos Viajantes, supervisionados pela Profa. Marise, recebemos todas as orientações e inclusive o medicamento para tratamento auto administrado da malária, no caso de não termos acesso imediato a hospital, conforme recomenda a OMS. E para completar fomos entrevistados e fotografados pelo Boletim da UFMG. O link é https://www.ufmg.br/boletim/bol1848/

 Além disso, planejar as coisas que ficam, as contas que continuarão a chegar (e devem  ser pagas), a pouca bagagem que devemos levar.

 Horas de pesquisa na internet e de conversa com amigos mais experientes.

 Horas de conversas entre nós para ajustarmos os sonhos, as expectativas, os detalhes...

e então deixar de lado até os detalhes e deixar a vida acontecer.

Começar!